Os Médicos e as Mídias Sociais

Artigo publicado no Jornal da UFRGS

https://www.ufrgs.br/jornal/os-medicos-e-as-midias-sociais/

Atualmente, é possível escolher de tudo pela internet sem sair de casa. Se eu compro uma televisão, sei que será entregue o modelo exatamente como escolhi em determinado site. Mas será que é possível fazer isso com tratamentos médicos? Cada organismo pode reagir a uma determinada medicação de maneiras diferentes. Uma dose baixa de um remédio pode ser boa para um, mas para outro pode dar reações e para um terceiro pode ser insuficiente. O mesmo vale para procedimentos. Muitas mulheres colocam silicone nos seios e ficam bonitas, mas outras podem ter alguma rejeição ou a cicatrização pode ser difícil. Se isso acontece, é erro médico? Não, pois existem reações em medicina que não são previsíveis e que dependem de cada paciente. Mas uma coisa, sim, é inadequada: prometer resultados e ocultar os riscos dos procedimentos. Por isso, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou a Resolução 1.974/2011 com regras para guiar a publicidade médica. Essa resolução é amparada pela Lei 3.268/1957, que institui os Conselhos como órgãos supervisores das condutas profissionais. É importante que a população leiga também saiba da existência dessas regras, que estão disponíveis no site do CFM.

As mídias sociais possibilitaram uma maneira de as pessoas ficarem famosas de modo muito rápido, e algumas ainda conseguem ganhar dinheiro com isso. O bom profissional não é mais aquele com melhor currículo e com boas referências, mas, sim, o que tem mais curtidas e “seguidores”. Mas será que as competências podem ser medidas pela fama no Instagram? Será que é adequado um perfil médico fazer “dancinhas” no Tik Tok? Quantos doutores populares na internet você já viu postando fotos de “antes” e “depois” dos procedimentos? 

Esse tipo de conduta é condenado pelo Conselho Federal de Medicina, mesmo que o paciente esteja anônimo ou tenha autorizado. Se a pessoa estiver identificada, o erro é mais grave, pois ainda fere a privacidade e a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Mas, apesar disso, muitos continuam fazendo esse tipo de postagem, pois uma multidão curte sem perceber que ali está ocorrendo uma infração ética. 

Antigamente as pessoas ficavam famosas por serem especiais. Atualmente elas são consideradas especiais simplesmente por serem famosas, independentemente do motivo. Por isso não se deve acreditar numa celebridade quando ela oferece para compra uma pílula milagrosa da qual não encontramos registro na Anvisa ou sobre a qual não há publicação séria em periódico. Esse tipo de problema não acontece só no Brasil. Recentemente foi publicado um artigo na revista New England Journal of Medicine com o título “Médicos espalhando desinformação nas mídias sociais – As respostas certas e erradas ainda existem na medicina?”. Essa publicação cita problemas dos médicos com as mídias e toda a exposição da classe agravada pela pandemia da covid-19. 

Mas o que a população leiga pode fazer para se informar corretamente sobre questões de saúde? Certamente, mais importante do que pesquisar o seu médico no Facebook, é entrar no site do Conselho Regional de Medicina e verificar se ele possui especialização e se ele se encontra com o registro em dia. Devem-se evitar sites e profissionais que ajam com muita autopromoção e sensacionalismo. 

Não se deve acreditar em tratamentos milagrosos com base no “número de curtidas”. A internet ⁠é um modelo de negócio por lucro, onde se ganha ao permitir que informações não verificadas alcancem qualquer um pelo menor preço.

O juramento de Hipócrates, proclamado pelos médicos durante a formatura, diz em um dos trechos: “A saúde e o bem-estar de meu paciente serão as minhas primeiras preocupações. Guardarei o máximo respeito pela vida humana”. Numa sociedade consumista pode-se achar que a “saúde” é algo “comprável”, quando ela depende de muitos fatores, e o médico deve ser o guardião das boas condutas e valores. Mercantilizar o ato médico, além de poder prejudicar a população, pode macular a imagem de classe de uma das profissões de maior respeito e tradição da história da humanidade.

Medalha Dourada de Papel Laminado

Nessa época de dia dos pais e Olimpíadas, lembrei de um fato da minha infância. Na escola, para comemorar essa data, houve uma competição de corrida do saco. Meu pai tirou o primeiro lugar com mais de uma quadra de vantagem. Meu coraçãozinho de criança se encheu de orgulho ao entregar a ele uma medalha dourada de papel laminado. Meu pai deu o melhor de si ali pra mim na quadra de esportes do colégio Glória. Esse foi um dia muito feliz. Meu pai é um grande médico, mas acho que eu não teria tanto orgulho dele não fossem essas lembranças da infância. Hoje eu entendo como é importante darmos o nosso melhor pra quem está ao nosso lado. Hoje em dia é comum vermos pessoas “famosas” mas que não são tão queridas pelos seus próximos. Não estou falando só de família, mas de amigos, colegas e até de pacientes.
Com esses exemplos, acho que meu pai me ensinou a levar a sério as minhas relações. Quando a gente se doa de verdade, marca pra sempre a vida de alguém.
A foto que escolhi abaixo foi logo após ele se recuperar da Covid. Ele com 74 anos trabalhou durante toda a pandemia. A família bem que tentou, mas não conseguimos convencer alguém que está acostumado a se doar a ficar em casa.
Obrigada pai por me mostrar o que realmente importa. Vivemos num mundo de muitas aparências e de pouca autenticidade, onde recebemos até ofertas de cursos de “marketing” médico. Como se lucrar fosse o mais importante na medicina e nas relações. Como se as medalhas de “papel laminado” mas cheias de amor e verdade não fossem relevantes só porque não ganham notoriedade externa.

Promova os Bons

Promova os Bons!

Depois de ler a coluna do Carpinejar e de ver que esse assunto foi parar na justiça, fiquei curiosa e fui analisar como a cantora Karol com k estava tratando um participante do Big Brother Brasil. A crítica que vejo nesta edição é que os já “famosos” estão se saindo pior do que os “normais”. A ex-empresária de Karol declarou ter sofrido abusos semelhantes aos sofridos pelo participante Lucas. Ela disse que teve que passar por tratamento psiquiátrico e que quase foi “bloqueada” na carreira devido à perseguição de Karol. Mas o que isso tem relação com o mundo empresarial? Infelizmente, nem sempre os “bons” são promovidos nas empresas. Frequentemente aqueles que mais se doam pelos seus colegas não são os que têm o melhor currículo. Às vezes, um colega sem escrúpulos coloca um grupo inteiro de pessoas contra alguém para se promover e pior que consegue! A Karol, mesmo sendo tirana, tem apoio de quase todos ali na casa e olha que sabem que estão sendo filmados. Imaginem na vida real?Agora a GNT declarou que vai cancelar um programa na TV de Karol, além de contratos para shows, mas, se não houvesse o BBB, tudo estaria normal.
Quantos por aí tem sucesso as custas de abusar dos mais fracos? Eu desconfio de quem é amado por quem o vê de longe, mas odiado por quem trabalha lado a lado no dia a dia. Não gosto do Big Brother, mas acho que essa lição podemos aprender: #Promova os bons!
Antigamente as pessoas ficavam famosas por serem especiais. Atualmente as pessoas se tornam “especiais” por serem “famosas” ( independente de como chegaram lá). Esse tipo de pensamento atual infelizmente estimula a busca do poder e do sucesso acima de qualquer valor moral.

Pandemia de Incertezas

Nos tempos atuais de pandemia, desconfio de quem afirma ter certezas. Vejo muitas discussões a respeito de tudo, a maioria ao meu ver inúteis.

A classe médica, por exemplo, está dividida a respeito do tratamento precoce pra covid 19. Tenho amigos extremamente inteligentes e bem graduados, mas com opiniões distintas a respeito do assunto. Leio artigos favoráveis e desfavoráveis sobre a polêmica hidroxicloroquina. Alguns trabalhos ficaram mais famosos, pois foram publicados no New England, como é o caso do estudo do grupo Coalizão de São Paulo (com um resultado negativo). Contudo, nesse estudo a cloroquina foi usada em pacientes já numa fase avançada da doença e em doses muito mais elevadas do que a preconizada no tratamento precoce. Outro dado interessante é que não foi um estudo duplo-cego, isto é, tanto os pacientes quanto os médicos sabiam quais as medicações eram administradas aos grupos. Mas foi publicado no New England… Alguns vêem nisso alguma conspiração. Já escutei que a revista foi vendida para forças “ocultas” esquerdistas. Acho isso uma bobagem. A revista é feita por profissionais como nós. Obviamente, em tempos de pandemia, foi dada preferência para artigos sobre Covid-19, mesmo que não tivessem uma qualidade técnica tão absoluta, pois é o assunto do momento. Também não sou ninguém para tirar os méritos do trabalho de São Paulo. Toda informação é importante. As pessoas envolvidas estão de parabéns, contudo essa pesquisa não serve como argumentação para dizer que a cloroquina numa dose baixa e dada precocemente não tem efeito, pois isso não foi testado ali. Difícil acharmos um estudo perfeito. Em medicina, menos de 10 % das condutas são pautadas por ensaios clínicos randomizados com nível de evidência 1a.

Outra argumentação que escuto é: Tomei ivermectina, vitamina D e cloroquina e fiquei bem; logo o tratamento funciona. Isso também não é suficiente para pautar condutas. A Covid tem uma mortalidade baixa. Seria possível a pessoa ficar “curada” sem fazer nada.

Outra argumentação ao meu ver errada é : Atendi alguns casos que tomaram o tratamento precoce e que foram entubados mesmo assim, então esses remédios não funcionam. Ora, nem todos melhoram com quimioterapia, mas ela deixa de ser indicada para tratar câncer? Nem todos pacientes respondem bem aos antibióticos numa pneumonia, mas vamos deixar de prescrevê-los? E o Tamiflu para influenza? Continuamos usando, mas ele não cura a gripe. Aliás vejo pessoas dizendo: A Covid não tem cura. E por acaso alguma virose tem? O que fazemos são tratamentos para uma evolução mais confortável e benéfica pro paciente. No herpes, a gente administra aciclovir com intuito de amenizar os sintomas e de evitar que o Herpes fique grave ao ponto de virar uma porta de entrada para outras infecções secundárias mais graves. Ninguém tenta curar o Herpes.

Os tratamentos médicos não surgem apenas de estudos populacionais. Deve existir uma base fisiopatológica para prescrição. A Cloroquina não tem ação protetora sobre os tecidos, mas sim, antiviral. E essa ação é potencializada pelo Zinco. Conhecendo-se fisiopatologia, é fácil saber que o vírus determina liberação de citocinas no pulmão que ativam a cascata de coagulação – via cascata do ácido aracdônico – com produção de tromboxane, leucotrieno B4 e consequente trombose em vasos pulmonares. Também há quebra da cadeia de hemoglobina com liberação de Ferro que depositado no pulmão é responsável, em parte, pela imagem em vidro fosco observada nas tomografias. Quem prescreve um antiviral, não o faz porque é “amigo do Bolsonaro”. Os médicos tem um

Código de ética a cumprir que determina fazer o que acham melhor para seus pacientes. Não devemos misturar política nisso tudo. O Maduro adotou a cloroquina e existem médicos em todo o mundo defendendo o seu uso. Não é coisa só de Brasileiros como alguns tentam afirmar. Como exemplo, cito o artigo “Pathophysiological Basis and Rationale for Early Outpatient Treatment of SARS-CoV-2 (COVID-19) Infection”. Escrito pelo Peter A. McCullough (Americano) publicado agora em janeiro de 2021 na American Journal of Medicine.

Não é fácil liberar um paciente do consultório com covid sem prescrever nada. No ato de prescrever está uma esperança muitas vezes ansiada. Essa decisão varia caso a caso e depende de um acordo entre médico e paciente (sem mais ninguém). Para muitos doentes, pegar uma receita significa vislumbrar um futuro. Ali pode estar o simbolismo de sua cura. Médicos que só fazem pesquisa e não atendem consultório talvez não entendam bem isso. No leito de morte, até mesmo alguns ateus clamam a Deus. Frente a uma doença que assusta tanto, oferecer algo a mais pode ser terapêutico. Sabe-se que as pessoas otimistas e que acreditam no seu tratamento evoluem melhor. Uma parte importante da medicina consiste em “aliviar o sofrimento”. Fazendo isso, podemos inclusive ajudar nossos pacientes a ativar mais o seu sistema imunológico.

No meu dia-a-dia, se eu vejo uma prescrição diferente da que eu faria e o paciente está bem, eu não modifico. Eu respeito a autonomia do colega. O importante são os pacientes ficarem bem, não é mesmo? Falar mal dos companheiros de profissão acho extremamente antiético. Sorte que alguns não dão bola para os “fofoqueiros” de plantão e continuam prescrevendo pensando nos pacientes e não pra agradar colegas ou instituições médicas.

Mas o meu objetivo aqui não é convencer ninguém a prescrever o tratamento precoce. Essa decisão é muito mais complexa, envolve muito mais leitura dos prós e contras. Vejo algumas entidades médicas condenando seu uso. Fico triste ao ver médicos serem chamados na direção de um hospital por prescreverem algo com baixíssimos efeitos colaterais, por não ser “politicamente” correto. Enquanto outros usam terapias pouco embasadas como a transfusão de plasma sem nenhum problema. Eu não critico quem usa ou usou plasma fresco, todos estão tentando salvar vidas. Porque essa perseguição, então? Porque demitir uma médica de um grande hospital porque prescreveu hidroxicloroquina? Onde está a autonomia do médico? Onde está a nossa liberdade? Outro dia, um colega foi punido no Facebook porque publicou o seguinte artigo “Risk of hospitalization for Covid-19 outpatients treated with various drug regimens in Brazil: Comparative analysis”. Esse artigo foi publicado agora em Novembro 2020 na “Travel Medicine and Infectious Disease” e foi censurado. Não acho que o Facebook seja composto de uma facção comunista (até porque o Maduro adora a cloroquina). O Mark Zuckerberg deve ter uma equipe de médicos e cientistas que formaram uma opinião contra o tratamento precoce ( que dificilmente mudará). Ai o Mark pede um parecer e essas pessoas determinam. Acho isso uma pena. Onde fica a liberdade de expressão?

A prerrogativa da ciência é a dúvida. A ciência está em constante movimento e evolução. Muitos tratamentos que no passado eram utilizados ( alguns até comprovados por ensaios clínicos randomizados) foram substituídos por outros, após novos estudos . Desconfio de quem tem certeza de tudo. A ausência de dúvidas mais me parece um dogma religioso. Nesses casos, o diálogo fica complicado porque com dogma não se discute. Se eu mostrar um artigo que saiu agora em janeiro de 2021 e a pessoa já está totalmente “Dogmatizada” sobre algo, ela nem conseguirá ler com atenção.

Finalizo dizendo que nenhum médico deve prescrever algo em que não acredita. Tampouco outros devem ser punidos por fazerem algo que acreditam e que, no mínimo, é controverso. Respeito a todos: tenho grandes amigos e conheço brilhantes médicos em todas as correntes de tratamento pra covid.

Alguns (contrários aos tratamentos precoces) afirmam que a vacina será o final da pandemia. Eu gostaria que fosse, mas vendo essas cepas novas da Covid ainda tenho dúvidas. Sigo com minhas incertezas, mas isso não significa que não devamos tentar. Eu tenho recomendando pra TODOS os meus pacientes a vacina, já que praticamente não possui efeitos colaterais. Tenho orgulho do Butantã. Bato palmas pra todos que estão trabalhando nessa pandemia seja com tratamentos ou vacinas. Sou do grupo que acredita que devemos tentar de tudo, não sou do grupo que não faz nada e só critica.

Colega médico, se você não concorda com esse texto, não precisa me responder. Saiba que eu respeito a sua opinião. Vivemos uma realidade cheia de incertezas. Só peço que você também respeite aqueles que decidirem prescrever algo além de dipirona pros seus pacientes com covid.

Espero sinceramente que os médicos se unam e parem de brigar, pois no fundo todos têm o mesmo objetivo que é o de salvar vidas e iríamos mais longe se estivéssemos unidos.

Distúrbio de Home

(Texto publicado no Jornal do Comércio)

Um suspiro preocupado e minha paciente, uma senhora de 51 anos, pergunta:- Meus exames estão bons, doutora?- Não muito. O seu colesterol e sua glicose subiram. Provavelmente o aumento de peso que teve nesses últimos meses contribuiu para piora desses exames.Além de ter abandonado a academia, essa paciente estava comendo muito desde que abandonara o trabalho presencial e estava em regime de home office. Ela soubera também que um colega próximo havia infartado. Motivada por isso, havia tentado fazer alguns exercícios na última semana e se sentiu cansada. Não sabia se o cansaço era culpa da máscara, do ganho de peso ou de algum possível problema no coração.- Estou preocupada, Doutora. Esse meu colega o qual infartou teve dor no peito e não procurou ajuda. Lembro que a senhora sempre diz que devemos consultar ou procurar a emergência do Instituto de Cardiologia em caso de sintomas.nullA paciente relatou ainda que estava difícil de controlar o peso, pois “a geladeira ficava o dia todo perto”. Ela também referiu que vinha brigando mais com o marido e sofrido com insônia.- Dra, acho que estou descontando na comida. Será ansiedade?Fala-se muito em ansiedade e depressão. Resumidamente, pode-se dizer que o deprimido vive no passado e o ansioso no futuro. Frente a uma pandemia, com um futuro preocupante, algumas pessoas podem recorrer ao aumento da ingestão de calorias como forma de compensação a uma situação de abalo. O aumento do apetite nessas circunstâncias pode ser considerado um resquício de um mecanismo evolutivo; já que nossa evolução selecionou genes para acúmulo de gordura em situações de estresse para servirem de reserva energética em períodos de escassez de alimentos.Durante o exame físico, vejo que a pressão da minha paciente de 49 anos (que antes era normal) estava bastante elevada. Ela saiu da consulta com uma prescrição de dieta, medicações para pressão e colesterol; além de uma recomendação de procurar avaliação psiquiátrica.Esse é mais um dia na minha rotina de consultório em tempos da pandemia da Covid-19. Essa paciente, assim como muitos, está fazendo home office. O trabalho dela está em dia, mas a sua saúde deu uma boa declinada. Quanto tempo ela levará para perder esses quilos e para recuperar a harmonia da rotina familiar que tivera antes do coronavírus?

Contudo, nem todos os exemplos são ruins. Outro dia, um paciente que eu insistira muitas vezes para parar de fumar apareceu na consulta -em plena pandemia- dizendo:- Parei de fumar, doutora!Confesso que fiquei surpresa. Nesse momento em que todos estamos mais frágeis, não esperava que ele fosse conseguir. Ai ele me explicou: – Antes eu fumava indo para o trabalho e no intervalo com os colegas. Agora, como estou em home office, até tentei fumar umas 3 vezes em casa, mas minha filha de 6 anos brigou comigo. Então: parei.Eu sorri e dei os parabéns. Na balança, ele havia também aumentado uns quilos, mas certamente o benefício de cessar o tabagismo se sobrepõe a tudo.
A verdade é que a rotina é essencial para a saúde. Um animal, mesmo com água e comida, pode ficar doente se for retirado do seu habitat. A saúde é considerada uma condição de bem-estar físico, psíquico e social. Quando nos é retirado a dimensão social, as mudanças vão se refletir na nossa mente e no nosso corpo.

Miriana Gomes

Amores

Há amores que são novidade, mas também há aqueles que são entendimento.
Existem amores que são crescimento e outros que são o próprio desabrochar.
Há amores que desafiam o mundo, já outros vem envoltos de paz.
Há amores que sugam nossas energias, já outros nos mostram que algumas lutas e egos são sem sentido.
O amor verdadeiro não é dependente, mas mesmo assim quer ficar presente.
Amar é não viver só de planos.
Amar é não ser calculista.
Pois quem ama de verdade não pensa no amanhã.
Talvez um amor maduro seja isso:
Um amor sem expectativas e focado no presente.
Quando não nos falta nada estando longe, mas há o desejo de estarmos perto.
Dizem que se conhece o amor pelos frutos. Então, se ficarmos melhores ao lado de alguém: deve ser amor.
Miriana

Meus desejos para 2020

Meus desejos pra 2020:

– Ficar rica, mas de amigos e de pessoas que me queiram bem.

– Estar perto daqueles que participam autenticamente desse espetáculo maravilhoso chamado vida.

– Estar longe daqueles que ficam só na plateia observando e criticando.

– Estar linda, mas no coração, nas artérias e principalmente no meu cérebro.

– Receber menos vídeos em corrente e mais abraços apertados.

– Se não for possível o abraço pode ser até uma carinha 😊, mas desde que ela seja exclusiva pra mim.

– Desejo um 2020 com menos afetos em massa e com mais demonstrações personalizadas de carinho.

– Quero um 2020 onde se arrisque mais. De nada adiantam corpos sarados, mas com almas sedentárias.

– Sonho com um 2020 com menos estranhamentos e com mais aproximações.

– Com menos preconceito e com mais compreensão.

– Com menos WhatsApp e com mais conversas no bar.

– Com mais arte e poesia e com menos tragédias no telejornal.

– E, se você não desejar o mesmo que eu, tudo bem. Desejo que em 2020 a gente ainda consiga pensar diferente e viver em harmonia.

Abraços,

Miriana